31.12.08

QUE VENHA 2009 !!!!






- Pé direito na foz do São Francisco...

28.12.08

ÁRVORES DE ÂNGELA

"Debaixo do barro do chão da pista onde se dança
É como se Deus irradiasse uma forte energia
Que sobe pelo chão
E se transforma em ondas de baião, xaxado e xote
Que balança a trança do cabelo da menina, e quanta alegria!"



Em rápida viagem à Paraiba, visitei o ateliê de Ângela Cirne. Fiquei encantada com sua floresta em construção, que sairá muito linda, na próxima fornada de seus trabalhos, no início de 2009.

18.12.08

NÃO SOU NINGUÉM


Em 45 exercícios de transcriação poética, Augusto de Campos nos apresenta sua leitura de Emily Dickinson.


Para ler uma entrevista do poeta sobre esse seu mais recente trabalho publicado, acesse a revista Cronópios, aqui.


Segue um aperitivo:



If recollecting were forgetting,

Then I remember not.

And if forgetting, recollecting,

How near I had forgot.

And if to miss, were merry,

And to mourn, were gay,

How very blithe the fingers

That gathered this, Today!

(c. 1858)



Se recordar fosse esquecer,

Eu não me lembraria.

Se esquecer, recordar,

Eu logo esqueceria.

Se quem perde é feliz

E contente é quem chora,

Que alegres são os dedos

Que colhem isto, Agora!






15.12.08

LIBERTEM A PICHADORA CAROLINE PIVETTA DA MOTA

{ No dia da abertura da 28ª Bienal de Artes de São Paulo, 40 pichadores entraram no Pavilhão e "atacaram" com seu design gráfico todo particular o segundo andar o prédio, o local que estava o chamado "vazio" proposto pela curadoria que consistia de paredes e pilastras brancas. Na ocasião, a pichadora Caroline Pivetta da Mota foi a única detida sob a alegação de depredar o patrimônio público. Acusada de se associar a "milicianos" para "destruir as dependências do prédio", a jovem continua presa.
O que nós, agentes culturais, estranhamos é que existe um paradoxo nesse caso, pois se trata de patrimônio público, mas também de uma mostra de arte contemporânea, local propício para esse tipo de manifestação desde o começo do século 20.
Como escreveu o professor e artista Artur Matuck: "As paredes foram pichadas e repintadas e a mostra não foi prejudicada. Independente da discussao estética, se a pichaçao é ou não arte, se se justifica ou não, a atuação deste grupo ao invadir o prédio da Bienal com um grupo de pichadores, foi também um ato expressivo, foi inequivocamente uma manifestaçao cultural. [...] Uma discussão ampla e bem informada sobre o fenômeno cultural da pichaçao é relevante desde que na medida em que não é validado enquanto expressao artistica pode ser considerado como vandalismo e justificar repressão".
Repressão essa que faz Caroline estar presa até hoje e ainda pegar uma pena de 3 anos.
Por isso pedimos: LIBERTEM A PICHADORA CAROLINE PIVETA DA MOTA! }


Observação: Acabo de receber o texto acima por email. Ele está no site http://www.canalcontemporaneo.art.br/brasa/archives/001971.html


Para assinar a lista a favor da libertação de Caroline,
AQUI.

DOMINGO NA TV

Como interpretar? pergunta Mayana Zatz



Assisti ontem à tarde, no meu querido Canal Brasil, a um documentário realizado neste ano de 2008: O Brasil da Virada, dirigido por Dainara Toffoli e Ninho Moraes. O filme de média-metragem (30 min) propõe um debate sobre as transformações da sociedade no século 20, com ênfase às mudanças ocorridas na realidade brasileira. Vários importantes pensadores de diversas áreas como história, jornalismo, psicanálise, sociologia e genética, analisam o tema "crise do padrão civilizatório brasileiro".

Os entrevistados consideram a degradação dos recursos do planeta, os resultados dos massacres das grandes guerras mundiais e da produção cada vez maior de lixos e poluentes. De forma abrangente, o documentário faz um apanhado geral da história e dos acontecimentos ocorridos nos últimos cem anos. Imagens de filmes como Carandiru (2003), Cidade de Deus (2002), e Ônibus 174 (2002) ilustram aspectos da crise mundial na sociedade brasileira.

Entre muita coisa que o filme me fez pensar, destaco dois pontos: o primeiro é a imagem emblemática da montanha russa, utilizada no documentário como vinheta para separar os blocos de entrevistas. Embora presente em textos de importantes estudiosos, a metáfora é questionável quando se refere a processos históricos. Dentro do próprio documentário, de um modo contundente, o antropólogo Hermano Vianna nos mostra que a montanha russa ainda guarda uma compreensão linear da história. Ele prefere a idéia de teia, tomada da própria WEB, para indicar que não é mais possível pensarmos em relações estabelecidas sob eixos fixos. Achei curiosa a capacidade dos diretores do documentário que se permitiram o questionamento de dentro de sua própria realização... e mais curioso o fato que, após a fala de Vianna, a imagem da montanha russa passa a ser utilizada no filme de outra forma, numa montagem que a transforma em rede.

Também chamaram minha atenção as falas da geneticista MAYANA ZATZ. Nascida em Israel, Mayana vive no Brasil desde os 7 anos de idade e coordena, hoje, importante núcleo de estudos genéticos na Universidade de São Paulo. Além das diversas referências que faz ao trabalho com células-tronco, mostrando com otimismo transformações que podem trazer benefícios para a qualidade de vida de toda humanidade, a pesquisadora apresenta um argumento importante para os avanços da compreensão genétca: nosso grande desafio não é mais o acesso aos sequenciamentos das informações genéticas. Antes tão raros, caros e difíceis, hoje esses estudos vem se tornando bastante acessiveis. Para Zatz, a grande questão agora é: saber INTERPRETAR tantas informações disponíveis no universo múltiplo dos estudos genéticos. A cientista indica, em seus questionamentos, a importância da imaginação e da consciência ética, sem as quais os avanços científicos representarão quase nada para o cenário de injustiças sociais.

13.12.08

NA POLIS DA POIESIS

IMPERDÍVEL! Click aqui para encontrar PROFILOGRAMA & TEXTO simplesmente GENIAIS de Augusto de Campos!!!!!






9.12.08

SABIÃO BESTUNES

Dia 05 de dezembro Sebastião Nunes (com todos os seus codinomes) completou 70 (setenta) anos.
O motivo de celebração é não apenas o aniversário do poeta, mas a existência exuberante de sua obra.
Numa singela homenagem, segue o Sumário general do seu emblemático "Elogio da punheta", uma das mais sérias brincadeiras do rapaz, agora septuagenário.
Para ler o texto na íntegra, clique aqui.


ELOGIO DA PUNHETA

SUMÁRIO GENERAL

0 - Introdução general

1 - A punheta-em-si: descobrimento, descoberta ou invenção?

1.1 - A punheta como descobrimento
1.1.1 - O caso do botão
1.1.2 - O caso da barata na sopa
1.1.3 - O caso do cadáver ainda quente

1.2 - A punheta como descoberta
1.2.1 - Tirar os restos de roupa de um cadáver ainda quente
1.2.2 - Tirar a carapaça de um cágado
1.2.3 - Tirar a casca de uma ferida semicicatrizada

1.3 - A punheta como invenção
1.3.1 - Encontrando um osso o cachorro
1.3.2 - Fumando um automóvel o macaco
1.3.3 - Rebolando a bunda a formiga

2 - Características gramaticais da punheta

2.1 - Do gênero
2.2 - Do número
2.3 - Do grau

3 - Entrevista à Revista das Gentes Peladas, por Sebunes Nastião

4 - Das posições ecumênicas

4.1 - Deitado em colchão
4.2 - Deitado em colchão com reguinho no sítio adequado
4.3 - Deitado com buraco no travesseiro
4.4 - Sentado no vaso
4.5 - Com pulseira dourada enrolada no pau
4.6 - Variantes, derivações e desvarios

5 - Conclusões preliminares: da imaginação criadora
6 - Conclusões finais: da imaginação redundante
7 - Epílogo: da superioridade da punheta sobre as demais artes liberais




PS: Acabo de ler no Jaguadarte, com grande alegria, notícia da publicação de um livro, organizado por Fabrício Marques, sobre Sebastião Nunes, a ser lançado pela editora da UFMG na quinta-feira próxima. VIVA!

8.12.08

HOJE É O ÚLTIMO DIA PARA VOTAR!





CORRA!

Vá ao site do Cine SESI e escolha 12 filmes entre os que estão relacionados lá para integrar a mostra Achados&Perdidos 2009.

Envie sua seleção para o email: achadoseperdidos2009@gmail.com

Participe, dá sorte começar o ano revendo os melhores filmes!

7.12.08

1. Guardar um poema de Hilda Hilst no domingo


LXI



Um verso único
Oco de fundos
Extenso, vermelho-vivo
No túnel dos meus ouvidos:
Sempre comigo Sempre comigo.

Um verso escuro
De folhas-pontas
De nichos
De negras grutas
A língua excede seu exercício:
Sempre comigo Sempre comigo.

Um verso-vício
Constância e nojo
Vindo de uns lagos
De malefício.

Amor-partido
Torres
Poço-edifício
Um verso único num golpe nítido
Sempre comigo Sempre comigo.


HILST, Hilda. Cantares. São Paulo: Globo, 2002, p. 98.






6.12.08

"A VIDA É A SUPREMA REALIZAÇÃO DA ARTE"

Convide aquela pessoa e vá ao cinema. Ou vá sozinho/a. Você não vai perder essa chance deliciosa de assistir a um roteiro excepcional, dirigido e interpretado por grandes artistas... e que nos faz pensar: em como somos, como amamos.

Divirta-se, ria deles/as, ria de você mesmo/a.

Depois de tudo, mudou?

Vá ao cinema.












3.12.08


ELOGIO À SABEDORIA


Em grego antigo, sabedoria era phronésis. Palavra que vinha sempre acompanhada de outras palavras como alethéia (verdade) e eudaimonia (felicidade). Para os gregos, sabedoria surge nesse triângulo entre a verdade e a felicidade.

Nos dias de hoje, soa estranho citar termos gregos em uma conversa. Tudo que se busca atualmente são resultados, estudos dirigidos e quantificados. O conhecimento superficial está na moda, e vem resumido em manuais, manchetes de jornais e revistas semanais fáceis de memorizar.

É comum escutar os sabichões desse mundo super informado e cheio de dados dizerem que sabedoria é coisa para monge, felicidade é ilógica e verdade é apenas uma metodologia de convencimento. A sabedoria, nesse mundo de “doutores em quinquilharias” parece uma vulgata comprada na banca de revistas da esquina, que sai em fascículos e ainda oferece prêmios ao final do mês. Pensar do ponto de vista do sábio é quase uma impertinência, quando o senso comum é o limite da “sabedoria” mundial, que dá sentido para a vida de bilhões de pessoas.

Insistir na sabedoria é uma escolha política. Só a reflexão crítica permite isso que os gregos chamavam de phronésis, entendida como a capacidade de lucidez na deliberação, decisão e ação. Algo próximo do nosso conceito de prudência, que considera a existência do acaso, da incerteza, do risco, do desconhecido e do complexo na aventura humana. A prudência é a capacidade de levar em conta o impulso, pressupor a sua existência forte na nossa vida e forjar a ação refletida. Mas é bom lembrar aqui que a sabedoria (phronésis) é diferente de ciência (epistême). Ciência se refere ao conhecimento, à erudição e à informação. Foram os romanos que trouxeram a idéia de phronésis para perto da idéia latina de prudens, dando-lhe esse caráter de bom senso na ação. Na origem do termo, a phronésis (sabedoria prática) ganha o seu significado por se ligar aos sentidos. A palavra deriva de phren, e nos lembra que há um tipo de conhecimento que se adquire através da experiência, do saber prático.

É por isso que sabedoria não tem exatamente a mesma etimologia da palavra saber, mas está diretamente ligada à palavra sabor. Como sabor, a sabedoria diz aquilo que, na vida, somos capazes de dar gosto: comprazer, degustar. E é quando saboreamos algo (uma emoção, uma experiência, uma vivência), que temos condições, aí sim, de saber profundamente as múltiplas dimensões da vida.

Por isso sabedoria se distingue da ciência, porque o cientista não precisa ter experimentado o que diz, fala ou escreve. Com o sábio é diferente: ele fala daquilo que experimentou. A experiência sabida não é superficial, ligeira ou fugaz, mas vivida e saboreada intensamente.

Nesse mundo em que as pessoas estão acostumadas com as fugacidades, um mundo dos descartáveis, é cada vez mais difícil saborear. A grande maioria das pessoas desistiu de educar seus sentidos, apenas sucumbiu a eles. Em resposta a um turbilhão caótico de informações sensoriais, milhões de conhecimentos são consumidos. O conhecimento particular, que não é partilhado (idian phronesin) – é de onde deriva o termo idiotes, o idiota em sentido etimológico.

O idiota é incapaz de sair de si mesmo, engole tudo que recebe pela boca, pelos olhos, pelos ouvidos sem reflexão. Ao contrário de uma devoração crítica, falta-lhe critério de seleção e predomina sua incapacidade de interpretar, relativizar, criticar. O idiota fica “sem saber”, porque consome tudo de forma irrestrita: coisas, informações ou pessoas.

Sabedoria é complexidade. É reflexão, trabalho de pensamento e mudança. Mudar a si mesmo. Perceber camadas de acontecimentos que podem ser saboreadas com delicadeza. E a cada novo sabor, reinventar a alegria de perceber um mundo pleno de possibilidades.



30.11.08

DESVIOS PARA A DISPERSÃO










No jaguadarte podem ser lidas palavras poderosas sobre a noite de quinta passada, 27 de novembro.
Na força da lua nova, Ricardo Aleixo se juntou ao TEXTA e ao dançarino Jorge Shutze para um exercício de dispersão poética.

Alegria tão grande é difícil de contar. Mas não dá para conter.
As fotos acima são parte do acervo que Susana Souto foi fazendo enquanto atrapalhava o texto que Ricardo inventavaler. Elas trazem algo da força do que se passou e confirmam o presente que a vida é.

23.11.08

SONS DA LIRA EM MACEIÓ


Não é sem razão que deLIRAmos ao saber que Ricardo Aleixo apresentará aqui em MCZ a performance-palestra intitulada "Desvios para a dispersão: Orfeu, John Cage, Exu",
na noite de 27 de novembro, próxima quinta, no Teatro Jofre Soares (Sesc - Centro) .

Emociona pensar que a Liga de Invenção e Resistência Ativa é a alma do LIRA: nós, por exemplo, que sabemos que um poeta não se faz com versos, temos essa força incomum.


Confira: jaguadarte

14.11.08

DO OUTRO LADO, DE CÁ




O PODER DO CINEMA:


Um dos mais belos, inteligentes e intensos filmes dos últimos tempos, essa realização do turco Fatih Akin emociona e faz pensar.
Depois de ver e rever um trabalho tão delicado e contundente (nenhum adjetivo será suficiente) volta à minha cabeça a frase de Torquato:


LEIO, ESCREVO, RASGO TUDO E VOU AO CINEMA.


Com a cabeça no telão, só me resta agradecer ao Marcos Sampaio pela sua determinação em manter viva a chama do Cinema de Arte, um mundo abrigo nesta cidade quase cega de tanta luz.

Semana a semana, a programação do Cine Sesi Pajuçara é sempre uma alegria que se renova.



CINE SESI PAJUÇARA
Programação de 14 a 20 de novembro
DO OUTRO LADO (Alemanha 2007)
Sessão: 18:50h
Prêmiode Melhor Roteiro no Festival de Cannes
____________________________________
NOSSA VIDA NÃO CABE NUM OPALA (Brasil 2008)
Sessão: 21h
Melhor Filme nos Festivais de Recife e Ceará 2008.
____________________________________
Continuação: OS DESAFINADOS (Brasil 2008)
Sessão: 16:20h
Segunda semana.

Marcos César Sampaio de Araújo
Coordenador Cine SESI Pajuçara (Maceió-AL)
(82) 93712740/ 3235-5191

7.11.08

VOZES





"Una cosa, hasta no ser toda, es ruido, y toda, es silencio."
- Antonio PORCHIA


Antonio Porchia nasceu na Itália, em 1886, mas passou a maior parte da vida em Buenos Aires, de 1901 até sua morte, em 1968. Sua única obra, Voces, publicada em várias edições a partir de 1943, compõe-se de fragmentos de difícil classificação, no limite entre a poesia e a filosofia, a plenitude e o vazio, a palavra e o silêncio. A primeira publicação, uma edição de mil exemplares, custeada pelo próprio autor, passou praticamente despercebida. “Descoberto” e traduzido por Roger Caillois em 1949, começou a despertar o interesse da crítica argentina, que chegou a associar sua obra às de Lao Tsé, Kafka, Pascal, Nietzsche, Blake e Lichtenberg, ainda que o próprio escritor negasse conhecer qualquer um desses autores.

Uma anedota curiosa, narrada por José Luis Lanuza, parece condensar a recepção dos argentinos à obra de Antonio Porchia (e não deixa de ser uma síntese da relação entre a literatura e as chamadas “leis de mercado”): “Porchia, místico independente, viu seu nome na vitrine de uma livraria do centro. Não haviam admitido ali seu livro em castelhano, nem sequer em consignação. Mas agora o livro se chamava Voix e estava datado em Paris. Porchia entrou e comprou um exemplar. Era muito mais caro que em castelhano, mas o vendedor o recomendou com efusão. Outro que não fosse ele talvez tivesse se indignado pela mudança de tratamento dado a sua obra. Mas não. Deve ter pensado, com seu amplo sorriso de compreensão: “Estou tão pouco em mim, que o que fazem de mim, quase não me interessa”.



O texto acima, de Marco Catalão, é um fragmento que recolhi em http://diplo.uol.com.br/2007-12,a2103)

A foto é minha: Garanhuns, agosto de 20
08.

5.11.08

vol. 1


VOCÊ CONHECE ANDREIA DIAS?

PARA OUVÊ-LA CANTAR "LIBIDO", CLIQUE AQUI.

EU GOSTEI MUITO. O TRABALHO DELA PARECEU-ME ALGO

(SEGUNDO ELA MESMA DIZ, NO TRECHINHO DA ENTREVISTA A JOÃO MARCELO BÔSCOLI, QUE SEGUE SUA APRESENTAÇÃO NO PROGRAMA RADIOLA )

"AREJADO"



PS: BEIJOS PRO RAMIRO RIBEIRO, QUE ME APLICOU LETRA E VOZ.




2.11.08

GAVETA ABERTA


Outubro já se foi, e a edição número 4 da GAVETA está bem aberta e traz muitas novidades - inclusive poemas meus. Com distribuição gratuita, a publicação cumpre um importante papel em Maceió, pois é a única que manifesta sua própria voz. Independência e vida é uma boa definição para explicar o projeto editorial que reúne Carla Castellotti, Carol Almeida, Pablo Casado, Ramiro Ribeiro, Alexsandro Costa. Nas palavras de Castellotti, no editorial: "escrever é uma atividade que não descansa porque é a decodificação das idéias dessa galera".
Pois muito bem!

ps: Os interessados em ler a GAVETA podem&devem procurar o Ramiro (poetasordido.blogspot.com)
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30.10.08

PERGUNTE PRO SEU ORIXÁ


Quando o céu clarear é o nome do disco mais recente dela. Que estou aqui ouvindo agora. Bom de doer. O repertório extraordinário na voz lindíssima de Fabiana Cozza é de fazer qualquer um arrepiar. Pelo menos qualquer um que não seja ruim da cabeça nem doente do pé.
Quer saber mais dela? Visite o site & o blogue da moça.


22.10.08

SÁBADO TEM





NO SESC GUAXUMA
ÀS 20H



18.10.08

ANTON WALTER SMETAK




“O que aconteceu talvez é que me interessa muito mais o mistério dos sons que o da música. Tenho procurado diferenciar claramente o fazer som, um meio de despertar novas faculdades da percepção mental, e o fazer música, apenas um acalento para velhas faculdades da consciência.”

Smetak (1913-1984)




9.10.08

AO VIVO



UMA TIRA DO LAERTE

5.10.08

metamorfoses, amor, phila


é o nome do vídeo que Christina Menezes, irmã de Philadelpho Menezes, realizou em homenagem ao irmão-poeta, em 2001.


Agora você pode assistir ao vídeo no YOUT
UBE. Clicaqui.






2.10.08

POSSIBILIDADES DA POESIA HOJE:

SABER FALAR AS LINGUAGENS

DO SEU TEMPO,

OCUPAR ESPAÇO,

INVENTAR







28.9.08

VIDA RUBRA



flores horizontais
flores da vida
flores brancas de papel
da vida rubra de bordel
flores da vida
afogadas nas janelas do luar
carbonizadas de remédios
tapas pontapés
escuras flores putas
putas suicidas sentimentais
flores horizontais
que rezais

com Deus me deito
com Deus me levanto




Quer ouvir? Aqui.

25.9.08

22.9.08

MICROFONES PARA O TEXTA



EXPERIMENTAR O EXPERIMENTAL


21.9.08

ENCONTRO EXTRAORDINÁRIO



NIETZSCHE


“Buscar trabalho pelo salário — nisso quase todos os homens dos países civilizados são iguais; para eles o trabalho é um meio, não um fim em si, e por isso são pouco refinados na escolha do trabalho, desde que proporcione uma boa renda. Mas existem seres raros, que preferem morrer a trabalhar sem ter prazer no trabalho: são aqueles seletivos, difíceis de satisfazer, aos quais não serve uma boa renda, se o trabalho mesmo não for a maior de todas as rendas. A esta rara espécie de homens pertencem os artistas e contemplativos de todo o gênero, mas também os ociosos que passam a vida a caçar, em viagens, em atividades amorosas e aventuras. Todos estes querem o trabalho e a necessidade enquanto estejam associados ao prazer, e até o mais duro e difícil trabalho, se tiver de ser. De outro modo são de uma resoluta indolência, ainda que ela traga miséria, desonra, perigo para a saúde e a vida. Não é o tédio que eles tanto receiam, mas o trabalho sem prazer; necessitam mesmo de muito tédio, para serem bem-sucedidos no seu trabalho.” (Nietzsche, 1882)





16.9.08

Estúdio Realidade






tomada de empréstimo
como se a noite
fosse o mundo
ainda mudada
a mesma




(imagem roubada: aqui)

14.9.08

RICARDO ALEIXO



O poeta caminha sereno pelas ruas, viadutos e avenidas. Porque é um craque, conhece "o labirinto/ por pisá-lo/ por tê-lo/ de cor na ponta dos pés". A força de seus versos não é menor que sua voz, e sua presença é extraordinária na cena internacional da performance poética. Quem já o viu performar, sabe como é quando o poema ganha corpo. Entre a cabeça e a ponta dos pés, Ricardo mostra ao mundo que sua fortuna pessoal vai além da conta. Neste dia de seu aniversário, é bom comemorar sua existência com poemas:


Oiá

Repito o que
recita o vento:

que as coisas vêm
a seu tempo,

que elas sabem
qual tempo é o delas,

que esse tempo
quase nunca

é o dos viventes, mas
que, assim sendo,

força é render-se
à força delas

movendo-se, folha
ao vento, rasgacéus,

deusa ciosa das coisas
que lhe ofertem

e de cada corpo quando
dance na festa

em seu nome ao vento.
Veja-a: resplendente

aqui, já apontando
ali - epa, Oia-Ô!

(do livro A Roda do Mundo)



Coltrane às 3

e há, você
sabe, frases, as

pequenas coisas,
incompletas,


besouros incrustados
na planta, ouvi-las


uma única vez é
ouvi-las sempre.


roendo-a, que o vento
leva, a hora


desdobrável
em muitas,

ouça-as,
limpas de lembranças,

para um lugar
a esmo,

(do livro Trívio)



Paupéria revisitada

Putas, como deuses,
vendem quando dão.
Poetas, não.
Policiais e pistoleiros
vendem segurança
(isto é, vingança ou proteção).
Poetas se gabam do limbo, do veto
do censor, do exílio, da vaia
e do dinheiro não).
Poesia é pão (para
o espírito, se diz), mas atenção:
o padeiro da esquina balofa
vive do que faz; o mais
fino poeta, não.
Poetas dão de graça
o ar de sua graça
(e ainda troçam
-na companhia das traças-
de tal "nobre condição").
Pastores e padres vendem
lotes no céu
à prestação.
Políticos compram &
(se) vendem
na primeira ocasião.
Poetas (posto que vivem
de brisa) fazem do No, thanks
seu refrão.

(do livro Máquina Zero)

8.9.08

JORGE SCHULTZE






Há pessoas que vivem de mudança. Jorge é assim. Em seu trabalho sempre coletivo, experimentar é o lema. Entre música, dança, poesia, Jorge sabe que está no melhor lugar do mundo. Por isso o poema de Cage "2 páginas, 122 palavras", do livro Silence, lhe cai bem:

(Para obter o valor / de um som, um movimento, / meça do zero. / Preste /atenção ao que ele é, /// Um pássaro voa. /// tal qual ele é.) /// Escravidão é abolida. /// as matas /// Um som não tem pernas com que andar. /// O mundo transborda: qualquer coisa pode / acontecer. /// movimento /// som /// Atividades que são distintas / ocorrem em um tempo que é um espaço: /// Pontos no / tempo, no / espaço. /// cada um central, original. /// amor /// alegria /// o heróico /// surpresa /// placidez /// As emoções // estão com o público. /// medo /// raiva /// O telefone toca. /// angústia /// nojo /// Cada pessoa está no melhor assento possível. /// Guerras começam a qualquer momento. /// Há um copo de água aqui? /// Cada agora é o tempo, o espaço. /// luzes /// inatividade /// Abrem os olhos? /// ouvidos? /// Onde o pássaro voa, voe.)





Tradução: Ricardo Domeneck


7.9.08

CAGE(in)TEXTA