28.9.08

VIDA RUBRA



flores horizontais
flores da vida
flores brancas de papel
da vida rubra de bordel
flores da vida
afogadas nas janelas do luar
carbonizadas de remédios
tapas pontapés
escuras flores putas
putas suicidas sentimentais
flores horizontais
que rezais

com Deus me deito
com Deus me levanto




Quer ouvir? Aqui.

25.9.08

22.9.08

MICROFONES PARA O TEXTA



EXPERIMENTAR O EXPERIMENTAL


21.9.08

ENCONTRO EXTRAORDINÁRIO



NIETZSCHE


“Buscar trabalho pelo salário — nisso quase todos os homens dos países civilizados são iguais; para eles o trabalho é um meio, não um fim em si, e por isso são pouco refinados na escolha do trabalho, desde que proporcione uma boa renda. Mas existem seres raros, que preferem morrer a trabalhar sem ter prazer no trabalho: são aqueles seletivos, difíceis de satisfazer, aos quais não serve uma boa renda, se o trabalho mesmo não for a maior de todas as rendas. A esta rara espécie de homens pertencem os artistas e contemplativos de todo o gênero, mas também os ociosos que passam a vida a caçar, em viagens, em atividades amorosas e aventuras. Todos estes querem o trabalho e a necessidade enquanto estejam associados ao prazer, e até o mais duro e difícil trabalho, se tiver de ser. De outro modo são de uma resoluta indolência, ainda que ela traga miséria, desonra, perigo para a saúde e a vida. Não é o tédio que eles tanto receiam, mas o trabalho sem prazer; necessitam mesmo de muito tédio, para serem bem-sucedidos no seu trabalho.” (Nietzsche, 1882)





16.9.08

Estúdio Realidade






tomada de empréstimo
como se a noite
fosse o mundo
ainda mudada
a mesma




(imagem roubada: aqui)

14.9.08

RICARDO ALEIXO



O poeta caminha sereno pelas ruas, viadutos e avenidas. Porque é um craque, conhece "o labirinto/ por pisá-lo/ por tê-lo/ de cor na ponta dos pés". A força de seus versos não é menor que sua voz, e sua presença é extraordinária na cena internacional da performance poética. Quem já o viu performar, sabe como é quando o poema ganha corpo. Entre a cabeça e a ponta dos pés, Ricardo mostra ao mundo que sua fortuna pessoal vai além da conta. Neste dia de seu aniversário, é bom comemorar sua existência com poemas:


Oiá

Repito o que
recita o vento:

que as coisas vêm
a seu tempo,

que elas sabem
qual tempo é o delas,

que esse tempo
quase nunca

é o dos viventes, mas
que, assim sendo,

força é render-se
à força delas

movendo-se, folha
ao vento, rasgacéus,

deusa ciosa das coisas
que lhe ofertem

e de cada corpo quando
dance na festa

em seu nome ao vento.
Veja-a: resplendente

aqui, já apontando
ali - epa, Oia-Ô!

(do livro A Roda do Mundo)



Coltrane às 3

e há, você
sabe, frases, as

pequenas coisas,
incompletas,


besouros incrustados
na planta, ouvi-las


uma única vez é
ouvi-las sempre.


roendo-a, que o vento
leva, a hora


desdobrável
em muitas,

ouça-as,
limpas de lembranças,

para um lugar
a esmo,

(do livro Trívio)



Paupéria revisitada

Putas, como deuses,
vendem quando dão.
Poetas, não.
Policiais e pistoleiros
vendem segurança
(isto é, vingança ou proteção).
Poetas se gabam do limbo, do veto
do censor, do exílio, da vaia
e do dinheiro não).
Poesia é pão (para
o espírito, se diz), mas atenção:
o padeiro da esquina balofa
vive do que faz; o mais
fino poeta, não.
Poetas dão de graça
o ar de sua graça
(e ainda troçam
-na companhia das traças-
de tal "nobre condição").
Pastores e padres vendem
lotes no céu
à prestação.
Políticos compram &
(se) vendem
na primeira ocasião.
Poetas (posto que vivem
de brisa) fazem do No, thanks
seu refrão.

(do livro Máquina Zero)

8.9.08

JORGE SCHULTZE






Há pessoas que vivem de mudança. Jorge é assim. Em seu trabalho sempre coletivo, experimentar é o lema. Entre música, dança, poesia, Jorge sabe que está no melhor lugar do mundo. Por isso o poema de Cage "2 páginas, 122 palavras", do livro Silence, lhe cai bem:

(Para obter o valor / de um som, um movimento, / meça do zero. / Preste /atenção ao que ele é, /// Um pássaro voa. /// tal qual ele é.) /// Escravidão é abolida. /// as matas /// Um som não tem pernas com que andar. /// O mundo transborda: qualquer coisa pode / acontecer. /// movimento /// som /// Atividades que são distintas / ocorrem em um tempo que é um espaço: /// Pontos no / tempo, no / espaço. /// cada um central, original. /// amor /// alegria /// o heróico /// surpresa /// placidez /// As emoções // estão com o público. /// medo /// raiva /// O telefone toca. /// angústia /// nojo /// Cada pessoa está no melhor assento possível. /// Guerras começam a qualquer momento. /// Há um copo de água aqui? /// Cada agora é o tempo, o espaço. /// luzes /// inatividade /// Abrem os olhos? /// ouvidos? /// Onde o pássaro voa, voe.)





Tradução: Ricardo Domeneck


7.9.08

CAGE(in)TEXTA



3.9.08

RIZOMA


E BASTA
(como disse meu amigo tazio zambi)

confira aqui

1.9.08