28.1.09

Férias: Caetés & Caeté


Eh, Minas!

No cenário acima meus olhos fatigados descansaram do ano que passou.

Estive em Roças Novas, próximo a Caeté-MG.

Mas claro que também visitei BH.

Agora, de volta à Nação Caetés.

Eh, Maceió!

Forças renovadas, vamos nessa, vamos lá!




8.1.09

O ATO ESSENCIAL DE MUNTAZER AL-ZAIDI



O fim de ano foi bom para encontrar e conversar com amigos. Eu, Tazio e Susana, na noite de natal, falávamos sobre o gesto corajoso do jornalista iraquiano, do qual não sabíamos o nome naquela ocasião. Entre vários argumentos, Tazio me fez pensar nos sapatos como nova tecnologia.


Não, ele não se referia ao game que na segunda-feira, 15 de dezembro, dia seguinte ao ato do repórter da TV iraquiana, já estava disponível na internet. No joguinho, qualquer um com algumas tecladas seguras, diante de seu computador pessoal, pode acertar uma sapatada em George W. Bush: um lance virtual, construído a partir de cena real que entrou para a história ao furar o bloqueio da segurança e da censura iraquiana.


O que mais chama atenção no acontecido é o experimento tecnológico guerrilheiro. O mundo inteiro reconheceu essa nova arma, de forte simbolismo para os árabes, que é arremessar sapatos em quem se despreza.

A cena estava montada para o ex-governante estadunidense encerrar seu mandato todo-poderoso, em pose ao lado do primeiro-ministro iraquiano, mas Muntazer estava lá: sua tirada fez Bush se curvar, obrigou-o a se esconder atrás de um móvel, para evitar as sapatadas.

Nada pode apagar as imagens dessa desforra, porque na essência do gesto de Muntazer al-Zaidi reside a força do desejo de cidadãos no mundo todo.


Pesquisei sobre o jovem de 29 anos que realizou o feito: ele ainda está preso, aguarda julgamento enquanto seu advogado move processo contra os seguranças da guarda oficial do primeiro ministro iraquiano que o agrediram. Os parentes dele, inclusive sua mãe, declararam-se orgulhosos de sua atitude.


Para mim, ainda que a biografia não explique a obra, importa escrever seu nome e louvar sua coragem, sua jogada que traduz, sem palavras, um poema da recusa.


Para completar, cito abaixo trecho de artigo do nosso Alberto Dines, que sabe muito bem observar o que acontece pelos quatro cantos do planeta:

“No sacolejo global, na vizinhança da antiga Babilônia – lá mesmo onde os homens pretendiam construir a imensa torre para chegar aos céus e impor-se ao Todo Poderoso – chega uma parábola rude e simples. Como todas. Um jornalista revoltado arvora-se em porta-voz do mundo e resolve castigar aquele que considera como culpado pelas maldições que afligem o seu país.

Ao contrário de tantos correligionários, não pretende imolar-se nem derramar uma gota de sangue. Quer mostrar a sua repulsa e escolhe a mais imunda extensão do corpo, aquela que pisa o chão e convive diretamente com a sujeira: o sapato.

O repórter iraquiano Muntadhar al-Zaidi tinha à disposição a imagem, o som, o papel e a palavra. Abriu mão do jornalismo, da imprensa, do manual da redação e dos códigos de conduta para inventar o sapato como veículo de comunicação. Louvado seja: lá onde os homens-bomba proclamam diariamente o seu horror à vida, al-Zaidi fez do calçado uma ação afirmativa.”




7.1.09

COMEÇO DE CONVERSA


Atordoada pelos absurdos ruídos que ecoam da Faixa de Gaza, penso e escrevo sobre Muntazer al-Zaidi e seus poderosos sapatos, enquanto leio e escuto a [silenci(osa)ada(?!)] obra de N. H. PRITCHARD. A vida é doce, sabemos.