25.2.09

bromélias, saguis & carnaval

a.

O carnaval correu tranquilo na minha praia de Guaxuma, entre arranjos florais e jogos frutais, muita música e leitura, e algumas visitas. Dentre os mais frequentadores, os saguis interessados nas mangas, goiabas e bananas, ao vento.



b.

Eles são um pouco irritantes, com seus assovios insistentes e seus modos impertinentes. Ainda assim adoro ver a maneira organizada como chegam: em grupo, depressinha se espalham pelo quintal e fazem a feira. De vez em quando, param pra descansar e posam pra uma foto.



c.

Pra completar a farra, hoje fiquei contente ao ler, no Caderno B, da Gazeta de Alagoas, o texto UMA JANELA PARA OS SONS DO MUNDO, de Carla Castellotti, sobre o carnaval do Recife. Daqui de casa mesmo, animada por outras folias, foi bacana saber o que rolou por lá, naquele carnaval que é fruta pernambucana, "motor animal que pulsa/ igual que um pulso".



Camarones Orquestra Guitarrística (RN)
Foto: Talita Marques, na Gazeta de hoje.


* É claro que não é a mesma coisa que abrir o jornal e ler o texto na íntegra, mas pra não ficar de fora, clicaqui e dá um saque no material que saiu na gazetaweb.

24.2.09

ANIMAL

23.2.09

ACENDA UMA VELA



ACENDA UMA VELA recebe filmes para a 4ª EDIÇÃO em 2009 até o início de março




Nas escolas, praças, velas de embarcações, paredes de edifícios, redes de dormir, nas barrigas de boi e de gente. O cinema no olho da rua, para todos os olhos. Este é o objetivo do cinema itinerante Ideário, que atua na democratização dos bens culturais, seduzindo e conquistando platéias dos bairros periféricos e cidades do interior do Nordeste com exibições audiovisuais em espaços públicos e nos suportes mais inusitados.


O projeto mais conhecido é o ACENDA UMA VELA, que exibe filmes em velas de jangada no estado de Alagoas. A atividade proporciona lazer e debate sobre cinema, nos moldes cineclubistas, para diversas comunidades. "É um cinema muito especial: o piso é de areia branca. O teto é o céu estrelado. O ar refrigerado é a brisa do Atlântico, e na jangada parada, imagens em movimento", garante o cineasta Hermano Figueiredo, idealizador do projeto.


Em 2009, o ACENDA UMA VELA chega a sua 4ª edição e contemplará cidades alagoanas como MACEIÓ (capital), MARAGOGI (Litoral Norte), PIRANHAS (região do Baixo São Francisco) e MARECHAL DEODORO (cidade histórica na beira da Lagoa Mundaú). O projeto é uma realização da organização cultural IDEÁRIO e os eventos são totalmente gratuitos. Além da mostra geral, há uma mostra específica para o público infanto-juvenil, intitulada ACENDA UMA VELINHA, com caráter lúdico e filmes próprios para a faixa etária.



Obs: Recebi este material de divulgação do IDEÁRIO por e-mail.

Interessados podem acessar o blogue para conhecer melhor o projeto.

22.2.09

+ brennand



Lembranças de minha recente visita à oficina de Francisco Brennand povoam meus dias. Enquanto elaboro um texto sobre a poesia feita de barro, segue outra imagem para registro.

20.2.09

MINHA MANGUEIRA



A prévia carnavalesca está pra lá de doce: cada manga rosa que é uma festa!
Da varanda, é só estender a mão...


19.2.09

NENHUMAL





não e nem sempre

todo fim segue um começo:
tem coisa na encruzilhada
tem estrada paralela

e

num castelo
a pureza
é brinquedo
de menino

viciado
em novidade

entremeios de tocar

sem tristeza da posse

nenhumal
nenhumano
- desejar o desejo





18.2.09

PARA LÁ

Se toda escada esconde
Uma rampa
Ampara o horizonte
Uma ponte
Para o oriente
Um olhar
Distante

Em volta de um assunto
Uma lente
Depois de cada luz
Um poente
Para cada ponto
Um olhar
Rente

E a montanha insiste em ficar lá
Parada
A montanha insiste em ficar lá
Para lá
Parada
Parada

Diante do infinito
Um mosquito
Em torno de um contorno
Gigante
Cada eco leva
Uma voz
Adiante

Decanta em cada canto
Um instante
De dentro do segundo
Seguinte
Que só por um momento
Será
Antes

E a montanha insiste em ficar lá
Parada
A montanha insiste em ficar lá
Para lá
Parada
Parada

(Arnaldo Antunes e Adriana Calcanhoto: faixa de abertura do disco QUALQUER, de 2006)

13.2.09

CORAÇÕES




Somos castigados por nossas renúncias. Cada impulso que tentamos aniquilar germina em nossa mente e nos envenena. Pecando, o corpo se liberta do seu pecado, porque a ação é um meio de purificação. Nada resta então a não ser a lembrança de um prazer ou a volúpia de um remorso. O único meio de se livrar de uma tentação é ceder a ela. Se lhe resistirmos, nossas almas ficarão doentes, desejando coisas que se proibiram a si mesmas e, além disso, sentirão desejo por aquilo que leis monstruosas fizeram monstruoso e ilegal.

- O trecho acima, de O Retrato de Dorian Gray, de OSCAR WILDE (pode servir) como epígrafe do filme COEURS, de Allain Resnais. (click no link e veja trailler do filme)

Baseado em peça teatral inglesa de Alan Ayckbourn (Medos privados em lugares públicos), o filme, que foi todo rodado em estúdio, não fica na teatralidade. Com recursos especiais e a delicadeza poética de Resnais, Coeurs nos apresenta seis personagens e suas vidas solitárias no mais charmoso bairro de Paris sob a neve.

Numa espécie de sextina, sequência de combinações que se repetem na diferença, isto é: não se repetem, ou à maneira da quadrilha drummondiana, um ciclo de relacionamentos é construído por impossibilidades e segredos - e vemos a fragilidade/força de cada um.

Thierry está para Nicole que está para Dan que está para Lionel que está para Charlotte que está para Thierry que está para Gaëlle que está para Dan que está para Lionel que está para Charlotte. E todos se desencontram. Várias combinações são possíveis, mas o ciclo não se fecha.

As esquisitices deles culminam em Charlotte, que vai do intenso fervor religioso à obscenidade. Mas só ela parece feliz, só ela se iberta e é capaz de apontar um caminho de evasão para o roteiro. Como uma espécie de bruxa, sua forma de resistir é se lançar na fogueira. Charlotte encarna a bondade e a virtude mas não sucumbe feito Justine, que no conto de Sade se torna holocausto de sua pureza. Charlotte é palimpsesto da cristandade: ela grava um programa da horrível televisão francesa chamado “As músicas que mudaram minha vida” na mesma fita sobre registros sensuais de seu corpo. Ao compartilhar a mensagem piegas do programa televisivo, segue em complemento seu potencial erótico.

Coeurs confirma que qualquer projeto de ética libertadora só se constrói a partir da compreensão do olhar e da resposta do outro. De fato, toda ética traz em si um projeto de salvação. Impossibilitada de se desvencilhar da religiosidade que marca nossa origem, Charlotte, a personagem “esquizofrênica” de Resnais, nos fala da força do Novo Testamento, da maravilhosa libertação que nos conduz ao... FIM.



Título Original: Coeurs / 2006
Direção: Alain Resnais
Roteiro: Jean-Michel Ribes, baseado em peça teatral de Alan Ayckbourn

11.2.09

CANTO DE NANÃ


Nanã

Mãe sem marido,
avó do universo.
Senhora da alvura.
Nanã, a de rosto
sempre coberto.
Ó poderosa
dona dos cauris,
filha do grande pássaro
Atioró.
Água.
Lama.
Morte.
Mãe do segredo
do mundo.
O úmido.
O que flui.
Água.
Lama.
Filhos.
Teus gestos
lentos
no fundo
da água escura.

©Ricardo Aleixo. ORIKIS in:A roda do mundo,

Objeto livro / Segrac: Belo Horizonte, 2004, p.32.




9.2.09

PAXORÔ

Para ouvir, cantar e dançar a semana inteira:





Obá ó balafon
Ijexá
Obá ó balafon
Ijexá

Xangô ó paxorô

Ijexá

Xangô ó paxorô

Ijexá


Obá ó balafon
Ijexá
Obá ó balafon
Ijexá
Obá ó balafon
Ijexá
Obá ó balafon
Ijexá

Nauê, Nauê
Ijexá
Nauê, Nauê
Ijexá




PAXORÔ

de: Moraes Moreira, Charles Negrita
intérprete: Moraes Moreira
disco: Moraes Moreira

gravadora: Ariola
ano: 1981

8.2.09

BOA SORTE

Foi bacana de ver (e participar!): o Corujão do Cine SESI reuniu neste final de semana centenas de pessoas - e teve até sessão extra no domingo.
Muito além da tietagem ao galã global, pessoas interessantes e interessadas se juntaram para conversar sobre cinema. E muito se falou e se refletiu.
Desde a exibição do delicado e trágico filme de Selton Mello, até as possíveis realizações aqui em Alagoas, o papo rolou solto, aberto, franco.
Difícil falar o que foi melhor, mas sem dúvida Selton Mello encantou a todos.
















O filme: declaradamente uma experimentação poética sobre a família, sobre as relações interpessoais e, ao mesmo tempo, sobre os buracos turvos da solidão. Um trabalho bem construído sobre os encontros e desencontros nossos de cada dia. Câmera na mão, atores de primeira e um roteiro difícil, apresentado devagar. Há outros momentos, mais acelerados, mas sempre pontuado por diálogos curtos, um quase silêncio. Brechas, lacunas.
Belo trabalho. Sorte de quem pode assistir ao Feliz Natal, de Selton Mello, porque como bem disse o diretor, no Brasil precisamos de mais espaços para apresentação de filmes.
Papel importante do cine Sesi.

6.2.09

CINEMA : Selton Mello apresenta FELIZ NATAL


ESCRITA EM MOVIMENTO

Se o desafio de fazer cinema já é, por si só, um ousado projeto, o significado disso nesse país deve ser multiplicado.

A oportunidade de conversar com alguém que faz cinema valer a pena é o que teremos, hoje e amanhã, no Corujão do Cine SESI, a partir de 23h.

Após a exibição de seu primeiro longametragem, o diretor de FELIZ NATAL conversará com o público.

Quem gosta de cinema não pode perder essa chance. Porque Selton Mello tem muita coisa a dizer sobre CINEMATOGRAFIA.

3.2.09

Tudo flui... na Oficina de Francisco Brennand

Silêncio, sim.

O impressionante e monumental trabalho de FRANCISCO BRENNAND não deixa dúvidas: todas as artes estão interligadas. A vida moldada em barro.

No Recife, melhor dizendo, na Várzea, há um lugar que extrapola o tempo/espaço.
Como definir Brennand? Para mim, a força de sua arquitetura vai além de qualquer definição.
Seu ofício, como arquiteto, nos envolve e faz pensar. Cada detalhe, cada peça transcende seu limite e evoca cosmogonias ancestrais.

Seguem alguns registros que fiz na visita a sua oficina nos últimos dias de janeiro, semana passada.

Detalhe: na terceira foto abaixo, a homenagem de FB a OBAMA , logo na entrada do sítio.

Importante: é preciso (imperdível!) conhecer Francisco Brennand.