30.11.09

Como dizia o BOCA...




SONETO

Neste mundo é mais rico o que mais rapa;
Quem mais limpo se faz, mais crepa;
Com sua língua, ao nobre, o vil decepa;
O velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa;
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa;
Quem tem dinheiro, pode ser papa.

A flor baixa se inculca por tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa;
Mais isento se mostra o que mais chupa..

Para a tropa do trapo vazo a tripa,
E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.






(Gregório de Matos Guerra, na cidade da Bahia, no século 17 )


5.11.09

ONDJAKI


Meio mulato, meio branco: cabrito. É assim que os angolanos nomeiam pessoas como Ondjaki, ou Ndalu de Almeida, que nasceu em Luanda, em 1977. Em 2000, surge o escritor, ao receber menção honrosa em concurso literário e ter seu primeiro livro publicado, Ato sanguineo. O entrelugar mestiço, que o escritor assume divertido, lhe dá um jogo de cintura com a palavra e com a vida. Apaixonado por música e cinema, Ondjaki já publicou 14 livros e viu seus textos traduzidos para várias línguas. Ontem, na IV Bienal internacional do livro, em Maceió, Ondjaki nos presenteou com 30 minutos de seu filme, Oxalá cresçam pitangas, e nos mostrou uma Luanda colorida, empoeirada, complexa e musical.
Há mais de um ano Ondjaki vive no Rio de Janeiro, onde finaliza uma tese de doutorado, termina de aprontar seu documentário sobre Luanda e prepara novo livro. Em defesa da ORALIDADE URBANA, Ondjaki transita entre as artes e fala do que somos, como somos.

4.11.09

sonhos