19.5.08

BROMÉLIA


"É por força do jogo irrealista com a técnica, ao mesmo tempo que por seu recorte, sua imobilidade, seu silêncio, sua redução fenomenológica do movimento, que a foto se impõe como a imagem mais pura e mais artificial".


(Trecho de A troca impossível, de Jean Baudrillard)

18.5.08

ARTE ATÉ NÃO PERDER OS SENTIDOS

A trajetória de Paulo Bruscky dispensa edição. Sua memória conta seu tempo. Para ele, a necessidade do artista é a essência: o resto é conseqüência. Mas avisa que nem se ocupa de definições. Talvez, por isso, seus arquivos sejam tão dinâmicos – seu enorme acervo é atualizado a cada exposição, a cada trabalho, e sempre se incorpora e se desdobra no próximo.

Aos que estiveram na pinacoteca da Ufal, sexta-feira, 16 de maio, para conversar com ele sobre seu WORK IN PROGRESS, anunciou que um dia pretende fazer uma instalação e tocar fogo em “tudinho”: “A minha instalação será destruir as instalações”.

Embora o fazer seja marca registrada de Bruscky (que desde 1967 apresenta ininterruptamente seus experimentos ), um dos motes de sua mais recente exposição é: “O importante é o saber ver, não o fazer”. Perguntado sobre essa afirmação paradoxal, Bruscky diz que não faz elucubrações sobre seu trabalho. Mas emenda que vai buscar muito as “coisas de criança”. E informa que não faz análise, porque não quer ficar bom.

Performer de larga vivência (em 1985, participou do 1º Ciclo Nacional de Performance, no Teatro Guiomar Novaes, em São Paulo), reconhece que o performador precisa conhecer e transitar por caminhos diversos: arquitetura, música, dança, teatro, etc. Seu interesse maior, no entanto, é pelas intervenções urbanas, por não se isolarem em locais fechados, “separados” pelos/para “artistas”.

O “Monumento ao inutensílio” é outro paradoxo de Paulo Bruscky. Ao mesmo tempo em que se apropria, subverte a idéia de arte-monumental, expondo seu aspecto efêmero. Arte é o que dura? Bruscky se separa de seus trabalhos com facilidade. E pergunta por que a arte deve permanecer. Para ele, a contingência é a vida, daí “a poética do processo”, como escreveu Cristina Freire, autora do belo livro Paulo Bruscky: arte, arquivo e utopia.

Inventor de possibilidades, o artista não tem fronteiras para suas pesquisas. Da Arte Postal ao EEG (eletroencefalograma), do Livro de artista ao vídeo experimental, Bruscky alcança todas as mídias. E repete os versos da canção de Gilberto Gil: “o meu caminho pelo mundo eu mesmo faço”.



* Foto: Pega-Varetas, de 2004, trabalho de Paulo Bruscky exposto na Pinacoteca da Ufal.

14.5.08


RECATO


Há um peixe no tanque
e o vento acaricia a terra

Rogai por nós aos quatro ventos
determinados ao encontro de algo

Rogai por nós no obscuro ou luminoso
foco da praça vazia

Na fuga não há salvação
O voluntário afastamento
nos poupa da luta desesperada

Sem raiva: o céu
Com reservas: a montanha

Eu vos digo
não resistais ao mal

10.5.08



EXCESSO

o amor é (im) preciso - poço?

é hora de correr a lágrima que sabe o sal dos nós mil acres: puta, cadê a culpa? Que ele te pague e te proteja e nos perdoe ( mesmo assim) deste passado aqui comigo: só um aparte - é de qual lado? respostas, folhas farfalham numa velocidade surda que nem deixa acontecer:

8.5.08

DESENHO SONORO :: "QUASE-MÚSICA"


Para os que se dispõem a superar limites, hábitos cristalizados e preconceitos estéticos, Ricardo Aleixo apresenta uma "atividade baseada no uso de instrumentos teóricos, técnico-formais e tecnológicos que tem como fim a elaboração de projetos acústicos para cinema, vídeo, rádio, espetáculos de dança, teatro, multimídia e intermídia, mostras de artes plásticas e visuais, hipermídia, arquitetura, games, telefonia celular, eletrodomésticos, automóveis, alimentos etc."

Leia o texto dele na íntegra aqui.


VALE A PENA


Declaração do poeta Bruno Brum em entrevista à revista eletrônica TRAPICHES

“Para mim não há mistério: escrevo poesia porque gosto de poesia. Não se trata de um acerto de contas com algum acontecimento do passado, não é algo místico ou metafísico assim como também não se trata de uma tentativa de melhorar o mundo. Acredito que o bom poema, a sensação que se experimenta ao ler um bom poema, seja ela de surpresa, de estranhamento, de inquietação ou qualquer outra coisa, tudo isso já vale a escrita.”

AGÊNCIA LUSA




Cantora brasileira Rosa Passos recebe doutoramento honoris causa pela Universidade de Berkeley

Lisboa, 08 Mai (Lusa) - A cantora brasileira Rosa Passos, que em Julho iniciará uma digressão por Portugal, vai ser distinguida no sábado pela Universidade de Berkeley (Califórnia) com um doutoramento honoris causa.

"Para mim [esta distinção] está ao mesmo nível do meu concerto no Carnegie Hall só com guitarra. Esta distinção da Berkeley me deixou muito emocionada. Vou receber esse diploma no sábado e vai haver uma cerimónia com os alunos cantando para mim. Eu sinto isso como uma coisa mágica", disse a cantora à Lusa.

Rosa Passos, que tem colaborado com Rodrigo Leão, nomeadamente no seu álbum "Cinema", editou recentemente um novo trabalho discográfico, intitulado "Romance", que reúne baladas da autoria de Antônio Carlos Jobim, Vinicius de Morais, Djavan, Ivan Lins, João Donato e Chico Buarque, entre outros.

O álbum será editado em Portugal a 09 de Junho e o primeiro concerto da digressão da cantora está previsto para dia 04 de Julho no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

Rosa Passos estreou-se em 1979 com o álbum "Recriação", mas já anteriormente, aos 15 anos, tinha chamado a atenção ao obter o primeiro lugar no Festival da Universidade da Baía com o tema "Mutilados".

O segundo trabalho de Rosa Passos surgiu apenas em 1991, "Curare", com melodias de Jobim, Ary Barroso, Carlos Lyra e Johnny Alf, entre outros.

Em 1993 editou "Festa" e três anos depois surgiu o álbum "Pano p`ra manga", em que as composições de Rosa surgem ao lado das de Fernando Oliveira, compositor com quem já tinha colaborado.

Gary Giddins, do New Yorker, escreveu no final do ano passado sobre a voz de Rosa: "Embora os seus discos sejam muito bons, Rosa Passos pertence àquela tribo de artistas que fazem o seu melhor trabalho ao vivo. Quer murmure ou grite, a sua entoação é seguramente sólida".

NL.

3.5.08

obsessão






escapulário


No Pão de Açúcar
De Cada Dia
Dai-nos Senhor
A Poesia
De Cada Dia


Esses versos acima abrem a Poesia Pau Brasil de Oswald de Andrade em ritmo de samba. Desde maio de 1924, e até hoje, tomara que essa reza valha sim.

Para cultivar a poesia todo dia, deixo o link do OPHICINA, blogue de Tázio Zambi, onde se pode encontrar poemas e traduções. Em meio a tanta coisa boa, o mais recente poema - SEDEQUEMEOBSEDA , é simplesmente emocionante.





2.5.08

UM LEITOR CHAMADO GUILHERME



Fup... um nome curioso para um pato e um livro.

Só foi dado esse nome porque o pato tinha sido achado todo “fudido”, após ser quase morto por um porco do mato. O livro tem muitas personagens mencionadas, algumas brevemente, outras com mais profundidade. No entanto, Jake pode ser considerado uma das principais, pois o livro começa de verdade com seu nascimento e termina com sua morte. O grande problema nisso é que ele toma, desde que tem 61 anos, um uísque que deveria deixá-lo imortal, mas como ele próprio diz, “fui imortal até morrer”.


Seu neto, Johnatan, mais conhecido como “Miúdo”, perdeu a mãe muito cedo e foi adotado pelo avô. Jake queria que o neto saísse do estado de tristeza em que estava e começou a criar o menino com toda a mordomia que podia comprar com o dinheiro que ganhava nas apostas. Comprou quatro cães para o neto, um dos quais viveu junto dele por dezoito anos. Até que foi morto por um porco do mato chamado Cerra-Dente, que após esse dia se tornaria seu único verdadeiro rival. Cerra-Dente passa o tempo todo destruindo as cercas que Miúdo faz.


Certo dia, num dos buracos da cerca, Miúdo encontra um filhote de pato que havia sido atacado pelo porco e estava quase morto. Ele o salva e o seu avô dá ao pato uma dose de seu uísque. A pata (pois o filhote de pato era fêmea) se torna gigantesca, mas o avô do Miúdo resolve ensiná-la a voar. Infelizmente a pata morre, pois se joga diante da espingarda do Miúdo quando ele ia atirar no Cerra-Dente. No entanto, quando Miúdo abre a barriga do Cerra-Dente, lá está Fup, novamente um filhote nas entranhas do inimigo. Imediatamente ela fica adulta de novo e alça vôo. A explicação para tudo isso não foi encontrada nem pelo Jake nem pelo Miúdo.


O livro é todo muito bom: narrativa ótima, e sobretudo muito divertido. Mas o melhor do livro são as coisas inesperadas, surpreendentes que acontecem Os livros atualmente costumam ser muito previsíveis. Fup, mesmo tendo sido escrito em 1983, parece ser um lançamento de agora, de tanto que a escrita é atual. Esse é um livro que todos deveriam ler.



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Mãecoruja informa: Guilherme estava com quinze anos em 2007, quando, numa sentada, leu o fantástico livro de Jim Dodge e escreveu o texto acima.


"Cheguei à conclusão de q não só as categorias formais de criação plástica perderam suas fronteiras e limitações (pintura, escultura etc.) como as divisões das chamadas artes também: descobri q o q faço é MÚSICA e q MÚSICA não é 'uma das artes' mas a síntese da conseqüência da descoberta do corpo..."



metaesquema de hélio oiticica seguido de palavras dele,
disponíveis na enciclopédia do itaucultural